2017 04 - Mítica EN2 - Chaves/Faro

No fim de semana prolongado de 29 de abril a 1 de maio encontrámos muita gente a fazer o percurso de 738,5 km entre Chaves e Faro. Carros, motas e bicicletas partiram do marco com o km zero com o propósito de fruir a estrada e do que nela ou através dela se encontrava.

As bávaras e a nipónica saíram de Guimarães e Braga até Chaves, por autoestrada. Depois da fotografia junto ao marco inicial de Aquaea Flaviae (tirada por um dos ciclistas que também iam percorrer a N2), partimos em direção à primeira paragem da viagem que duraria 3 dias, com duas noites de descanso.

29 de abril
 

Chaves/Pedras Salgadas. Café em unidade hoteleira no Parque de Pedras Salgadas. Motas estacionadas perto das preservadas Garage. O Parque, com notável património arbustivo e arbóreo está bem preservado. Merece uma visita demorada.

 De Vila Real até Peso da Régua, paisagem de Alto Douro Vinhateiro: a beleza esculpida nas serras; boas curvas... bom para andar de mota. Da Régua a Lamego... boas curvas.

 Insólitos/curiosidades: um cavalo ia, algures, atrelado a um trator. O bicho seguia a trote. Não sabemos o que pensaria o PAN sobre o assunto.

Motas: Trajeto a apreciar entre os 50km/ e os 90 km/h.

    Lamego: Pic-nic junto ao altaneiro santuário. Seguida para Viseu com paragem para café em esplanada ao sol (falhavam as previsões metereológicas).

    Viseu: café em esplanada ao pé do Banco de Portugal. Cidade que merece bem a visita com pernoita.

 
Santa Marta e Penaguião
 

Parámos em Santa Marta de Penaguião para encher os depósitos. Na bomba conhecemos um funcionário da Câmara Municipal adstrito ao projeto  de revitalização da mítica estrada (e outro responsável ou funcionário da autarquia). Ter-nos-iam oferecido Porto de Honra, tal como fizeram ao grande grupo das vespas que passara pouco antes, mas não tínhamos marcado. Merecem os nossos cumprimentos por terem sido quem teve a ideia de arrancar com algo que poderia ser relevante para o turismo, para a economia e para uma afirmação de identidades em centenas de quilómetros.

Porém, depois do que vimos durante o trajeto total, lamenta-se que as coisas estejam paradas e não exista por parte dos municípios e iniciativa privada vontade de unir esforços para fazer algo sério. 

Com efeito, há troços maus, a sinalética é parca ou inexistente (viram-se apenas 3 ou 4 painéis alusivos à rota N2) e não há atrativos, “chamarizes” que cativem. Os condutores vão avançando e sentem que sabem que estão na rota da N2 apenas porque planificaram a rota, colocaram-na no GPS e ou têm o mapa na cabeça.

Seguiu-se um troço descaracterizado da N2, pelo IP3, pela zona da Barragem da Aguieira, a qual foi visitada. Poder-se-ia fazer uma ou duas alternativas cativantes à IP3. 

Pedrogão Pequeno foi a terra onde dormimos, no Hotel da Montanha. Bom preço por quarto confortável, sauna, jacuzzi e banho turco. Jantar buffet com confeção a desejar: frango à antiga, que devia ser do paleolítico, pois tinha pedaços crus. Pequeno almoço razoável.

 Picha, aldeia rural, no concelho de Pedrogão Grande.
 

Dia 30 de abril

A chuva quase não se fez sentir, a não ser durante a noite de 29 para 30 de abril, e pela manhã em Pedrogão Pequeno. Muitas motas estacionadas no hotel, também fazendo a rota. Jantaram fora. A vantagem em termos jantado no Hotel da Montanha foi a de poder fruir das águas e beber umas cervejas sem preocupações, porque a refeição não levou nota positiva. Mas para quem quiser comer à lista estava bem, segundo um de nós que tomou essa opção.

Porque não quis trazer o equipamento adequado para chuva, motociclista exibe o tão falado desenrasque nacional.

Rumámos até ao marco geodésico, perto de Vila de Rei, que sinaliza o centro do país.

Merece a paragem e uma filmagem.

 

Marco geodésico, no centro do país.

Passámos por Abrantes, onde julgamos que dormiram os amantes das vespas.

Água de Todo o Ano, concelho de Ponte de Sõr

Penedo Furado, Miradouro perto de Pedrogão

Paragem em Mora para visita ao fluviário. Depois foram acomodadas umas bifanas em pão alentejano no Café/Snack Bar o Retiro do Caçador.

Insólito: O simpático proprietário, benfiquista ferrenho, tinha 8 televisões em pequeno espaço. Segundo dissera já tivera vinte e dois aparelhos de TV, mas a ASAE torceu o nariz. Mesmo assim nenhum cliente ficava desagradado com o que queria ver. O café benfiquista já tinha data afixada em cartaz para a festa do tetra, muito antes do fim do campeonato. Anunciava, também, um concurso da cara mais feia de Mora.                        

O Fluviário de Mora cobra 7,20€ pela vista. Dinheiro a mais para o que oferece. Para a miudagem vale a pena, mas o circuito é pequeno, embora os peixes sejam diversificados e as informações científicas adequadas. As lontras animaram a visita, já que a maior parte dos peixes não se podiam esticar muito.

Museu do Chocalho em Alcaçovas esperava-nos, o Sr. João Penetra fez-nos uma visita guiada através da qual percebemos o valor do uso do chocalho nos animais de pasto. O legado dos seus antepassados foi ali mostrado com muito orgulho, na mestria dos artífices do seu pai e avô.

Museu do Chocalho, Alcaçovas.   

Ao quilómetro n.º 424 oliveiras bordejando a estrada, de um lado e do outro, um regalo. Pela zona do marco referente ao quilómetro 430 surge uma reta de 3,5 km com típica paisagem alentejana. Segue-se uma curva e mais uma longa reta.

Mais à frente, pelo km 540 paramos perto de uns chaparros para admirar o campo florido, fazer uns telefonemas e aliviar águas. Um pouco mais adiante, outra paragem para lanche, onde apreciámos a passagem de um grupo de motociclistas em andamento vivo.

Dali partimos para a Serra do Caldeirão, uma delícia de curvas e contracurvas para fruir o binário, as inclinações nas curvas e o levantar das motos pelo acelerar. Paragem em miradouro estratégico na Serra, já em concelho de Tavira.

Chegada a Faro, o destino. Motociclistas de várias montadas esperavam a vez para foto junto da placa indicativa dos 738,5 km até Chaves. Quinhentos metros à frente mais uma fotografia das três motas, junto do marco quilométrico da N2.

Partida para Vilamoura onde pernoitamos. O Hotel Dom Pedro Portobello, para categoria de 4 estrelas, deixou a desejar. Os apartamentos dispunham de móveis datados, chão com aparência de sujo e ouvia-se o barulho dos vizinhos. A sala de pequeno almoço tinha apenas uma máquina de café, leite e similares para todos os clientes do hotel: inaceitável. A omolete com cogumelos feita, a pedido, ao empregado, estava saborosa, bem como as salsichas. No Algarve, de sumarentas laranjas, serviram... sumo de máquina. Valeu o profissionalismo e simpatia dos rececionistas, apesar de ser política do hotel cobrar à entrada! Devem ter muitos "camónes" a fugir...

Depois de um bom duche, jantámos bem no Julius (a 100 metros da marina) como o culminar de um belo passeio pelas terras e gentes do nosso pequeno, mas belo e amado país.

Pela manhã, partimos passeando até Albufeira, apanhamos a IC1 e parámos no Castro da Cola pt.wikipedia.org/wiki/Castelo_de_Cola, local de visita obrigatória. Por ali há um bom restaurante  que servia comida tradicional alentejana com vista sobre a  imponente Barragem  de Santa Clara (que é digna  de paragem e passeio pelas redondezas).

Motos: Consumos acumulados (aos 100 km), de Chaves a Albufeira (a partir daqui entrámos na IC1): Honda Integra S DCT: 3,3l. A BMW C 650 GT preta, 4,3 l; a BMW C 650 GT branca: 4,1 l.

Sobre o consumo das máquinas já escrevemos noutros tópicos do sítio O prazer da Estrada, mas são impressionantes, mesmo para as alemãs. Neste particular a nipónica é a recordista da classe, um caso de estudo, pois apercebemo-nos que com 750 cc consome tanto ou menos que uma vespa de 125 cc e em velocidades médias superiores. O proprietário da Integra S gosta de cantar os consumos, pois dantes a sua Suzuki 1400 cc bebia 6,9 de media em rolamento calmo. Os donos das BMW também estão muito contentes com as suas meninas.

Ermida de Nossa Senhora da Cola

Naquele monte cimeiro, no concelho de Ourique, um nativo algarvio de visita à festa que ali se faz em todos os feriados do 1.º de Maio, ofereceu café e... aguardente de medronho ao motard mais sociológico, que gosta de conversa ao estilo do professor Hermano Saraiva. Os outros motard não quiseram apreciar o néctar da charneca, do campo... puro. Era melhor depois do almoço. Falou-se de mouros, de Saddam Hussein e de bolo caracol (!). O homem queria conversa, mas houve que abalar que se fazia tarde.

Álcacer do Sal foi a próxima paragem, antecedida de mais um insólito: no meio de uma terreola (Mimosa, concelho de Santiago do Cacém) com poucas almas, deparamo-nos com duas grandes máquinas de lavar de 18 e 8 Kg, à face da estrada, junto a um café.

Almoçámos em esplanada, mirando a ponte e o rio Sado, umas sopas e umas bifanas.

A IC1 fez-se muito bem e confortavelmente. Todavia, o troço de Grandola (vila morena) a Álcacer não está em bom estado há muitos anos.

Decidimos ir de Alcácer até Santarém por Montemor-o-Novo, depois Coruche (EN114). Santa Susana é linda aldeia azul que surge do nada (a 16 km de Álcacer) no formoso caminho até Coruche.

Nas imediações de Santarém entrámos na A1. Parámos na área de serviço de Pombal, vindos de uma média de 130 km/h. Depois de Pombal, a Integra S teve mesmo de ir mais depressa até Braga e circulou na média dos 150km/h. Os outros mantiveram-se em limites civilizados. Esperamos não receber cartas desagradáveis.

Consumos (acumulados, desde Chaves) aos 100 km, até Santarém, depois de se fazer a IC1: A Honda Integra S DCT, 4,0 l. As BMW C 650 GT, 5l. A partir daí foi sempre autoestrada e não se registaram os consumos.

Em jeito de conclusão, após troca de impressões, considerámos o passeio bem organizado, face ao tempo disponível para completar a rota da N2. O percurso e paragens foi sendo ajustado com flexibilidade, pois o trio partilhou as decisões. Há coisas a acertar que têm a haver com o habitual em passeios moto-turísticos: ritmos, decisões de paragens, arranques e consequentes perdas.

A Norte, algumas aberrações urbanísticas, mas as paisagens diversificadas deste nosso Portugal enchem-nos de alegria. O tempo revelou-se nosso amigo, apesar de alguns pingos. Todos concordaram que as expectativas foram superadas, mas, para quem está habituado às belas vistas nortenhas, o Sul, de Abrantes até à Serra do Caldeirão é maravilhoso, naturalmente.

Nas zonas interiores, dada a oferta e a procura, a gasolina é mais cara. No Algarve foi onde abastecemos mais barato.

Quando a N2 tiver um passaporte de visitas, com incentivos para os turistas, quem sabe, possamos voltar.                     

Nota final: Já depois de fecharmos a escrita desta viagem (o qual foi publicado em "fascículos" e foi sendo visionado...) surgem-nos, através de correio eletrónico, informações que dão esperança aos turistas.

Parece que há um conjunto de iniciativas que já estão a ser trabalhadas e ainda este mês será lançado o Guia de Bolso, o Passaporte e um site que, embora não seja o definitivo, irá conter alguma informação útil. Quanto à sinalização, será brevemente assinado um protocolo com as Infraestruturas de Portugal, de forma a que, através do Turismo de Portugal, se proceda a uma candidatura para requalificação e melhoramento da sinalética.

   Acrecentamos: a N2 agradece!

Veja aqui o video

***FIM***

 

 

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